segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Mentes e árvores






Cada monge, cada meditador que cheio das mais puras intenções cultivasse a bondade, o altruísmo e o amor por todos os seres, contribuiria para o mundo, em termos de energia mental, da mesma forma que cada árvore contribui em relação ao oxigênio que respiramos. Meu pai sempre defendeu tal ideia. 

É claro que a ação é indispensável, porém mesmo ela, inevitavelmente, surgirá como resultado de pensamentos e sentimentos. Mas nas redes sociais e nas tramas da vida real o que vemos ganhando força e voz é o ódio em suas mais diferentes faces. Temos, de um lado, a estúpida e cruel materialização do mal nas ações terroristas - para as quais todas as câmeras e olhares estão apontando nos últimos dias. E de outro, o individualismo covarde do cidadão médio que espuma de raiva ao se deparar com tudo o que não lhe é espelho. Com o que pretendemos combater a barbárie dos assassinos de inocentes anônimos? Com mais ódio e intolerância? 

Conta-se que um tibetano, após anos vivendo como prisioneiro na China, afirmou - sobre sua experiência no cárcere - que se sentiu em perigo apenas algumas vezes. Quando perguntado sobre o tipo de perigo que enfrentou, respondeu que correu por momentos o risco de perder a compaixão que sentia por seus algozes.

Se pegarmos uma fração da atenção que despendemos cotidianamente sobre os nossos inimigos e a redirecionarmos para dentro de nós mesmos, quanto de compaixão ainda conseguiremos encontrar?